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Anta chora a morte de Hilton Alvine

Autoria: Redação  |  Fotos: Divulgação

 

Este ano de 2020, nos reservou muitas tristezas, por nos impor perdas dos mais variados tipos de amigos que sempre nos prestigiaram com seu apoio e admiração, pelo trabalho que realizamos nas cidades de Três Rios, Sapucaia, Paraíba do Sul, Além Paraíba, Carmo, Levy,  Areal, Petrópolis e outras cidades limítrofes. Esta semana, mais um desses companheiros nos deixou. Desta feita, foi o artista e artesão Hilton Alvine, que deixa um legado artístico incomparável. Me tornei amigo e confidente desse cidadão há uns 3 anos. Sobre seu trabalho, escrevi várias reportagens, impressionado com a incomparável facilidade que demonstrava ao compor obras artísticas, totalmente diferentes daquelas que já conhecia.

 

Campeão da fraternidade

Hilton se destacava, também, por um outro lado de sua personalidade. Era possuidor de espírito fraterno, com suas ações humanitárias para favorecer os mais necessitados. Com filhos morando no Rio e São Paulo, ficava preocupado em vê-lo sozinho em casa, o que me levava a telefonar, duas a três vezes por semana para ele, para falarmos sobre os mais variados temas. Com a vida perfeitamente realizada, poderia morar num desses lugares pomposos, luxuosos e aprazíveis, sem se preocupar com os problemas que afetam as vidas de pessoas sem recursos e excluídos da sociedade.

Ao contrário de inúmeros outros cidadãos de recursos, preferia se refugiar em sua querida Anta (Distrito de Sapucaia) onde nasceu e criou sua família, para socorrer os aflitos e necessitados, com ações representadas por assistência dentária gratuita para crianças pobres e ajuda às famílias mais humildes. Era um recurso financeiro a um pai, para despesas com o casamento da filha; a outra família que lutava para construir um barraco; pagamento para tratamento de saúde. Enfim, até mesmo dinheiro para garotada comprar pão e biscoitos. Por inacreditável que possa parecer, ia ao banco para trocar cinco a dez mil reais em notas de cinco, para atender pequenas despesas de pessoas que o procuravam em desespero.

O vazio que a morte desse artista de inegável talento provoca, é uma constatação de todos que o conheceram. Certa vez, Hilton me confidenciou que, não entendia a razão de não ter recebido a devida atenção por parte da secretaria de cultura de Sapucaia, pois correu o contrário com outras cidades que chegaram a mandar alunos, para conhecerem sua obra, que chegou a ser destacada também em reportagens na TV Rio Sul e também pela Folha Popular.

 

Relíquias por todo canto

Artistas famosos se destacaram por obras localizadas em um ponto específico, um museu ou casa de cultura. Com o Hilton ocorreu algo inédito: além das obras localizadas na sua residência, transformada em verdadeiro galeria de arte, seus trabalhos podem ser vistas até mesmo em ruas e praças de Anta, da cidade e outros distritos. Até em bares e restaurantes que frequentava, neles podem ser vistos quadros e versos alusivos a qualidade dos serviços dessas casas.

Fiquei muito triste, não só pelo seu passamento, mas também pelos mais variados motivos.  No dia 3 deste mês de novembro, havíamos combinado a realização de uma outra reportagem que escreveria, para focalizar a entrega de um outro painel, que já se achava pronto, e se tratava de uma homenagem aos herdeiros de uma família de um seu contemporâneo dos bancos escolares, que possuem uma vila de casas na margem direita do rio Paraíba, em bairro de Anta. Ele pretendia entregar a obra antes do dia 5 deste mês, mas, a meu pedido, resolveu deixar para depois do seu tratamento e da pequena cirurgia. 

Infelizmente, a realidade foi outra muito diferente do que nós esperávamos. Por pura gentileza, me ligou uns dias antes da internação em Juiz de Fora, para dizer que havia guardado uma razoável quantidade de mangas para me presentear, assim que retornasse da cirurgia. Também prometeu fazer um churrasco para comemorar meu próximo aniversário em dezembro. Nossos planos foram modificados pelo Poder Divino. Agora, embora lamentando muito o ocorrido, só nos resta elevar nossos pensamentos a Deus para o descanso eterno de sua alma. Seu sepultamento ocorreu ontem, 23, às 14 horas, no Cemitério de Anta, com presença de parentes, amigos e dezenas de admiradores. Embora com todas as restrições impostas pela quarentena, muitos antenses e admiradores de cidades vizinhas se fizeram presentes para a último adeus ao nosso querido e inestimável campeão. 

 

Currículo

Hilton estudou muito, chegando ao ponto de ser tesoureiro geral do Banco do Brasil, nos tempos que ainda não existiam computadores, internet nem celular. Trabalhou por mais de 3 décadas na agência central da rua 1º de março, no Rio. Contando com enorme prestígio pela direção geral, acabou se destacando na função da contagem manual de cédulas de papel, para serem encaminhadas a todas as agências dos estados brasileiros. Seu rendimento era sempre 100% a mais que outros companheiros.  Foi devido essa agilidade no manejo de milhares de notas, que lhe valeu o batismo de “campeão”, alcunha que tinha verdadeiro orgulho de repetir para quem o procurasse para qualquer tipo de assunto.

Sua morte ocorreu devido a necessidade de corrigir uma dificuldade de respirar que o perseguia nos últimos tempos, anomalia que os médicos constataram que ocorria, devido a problemas cardíacos. Por esse motivo, foi submetido a uma cirurgia reparatória para instalação de um stent numa artéria coronária. Primeiramente, foi internado no Hospital Monte Sinai, de Juiz de Fora. Devido ao agravamento do caso, foi transferido para o Rio, a conselho de médico da família. De nada adiantaram os esforços dos médicos, uma vez que entrou em estado de coma, que durou de cinco a seis dias, sendo sempre visitado por integrantes da família. Embora as inumeráveis orações, falou mais alto a programação Divina.  Por volta das 3 horas da madrugada de sábado para domingo (dia 22/11/2020) seu coração parou definitivamente.

Já viúvo da esposa Leonor, deixa 2 filhas, Carmem Lúcia e Claudia Alvine, além dos genros Luis e Delano, mais as netas Maria e Daniela, além do bisneto Eduardo. Recentemente, quando completou aniversário de 90 anos e se achava em quarentena, a população de Anta organizou uma numerosa carreata passando na porta de sua casa, tendo ele sido alvo até de discursos alusivos à efeméride.  

(José Barros)

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